Quem é que vais chamar... outra vez?
Este texto foi publicado originalmente na Take Cinema Magazine dia 4 de agosto de 2016 com o título [Segunda Dose] Os Caça-Fantasmas II (1989) e pode ser lido na íntegra aqui.
Depois do final apoteótico do primeiro filme, como regressar ao universo dos caça-fantasmas? A resposta foi colocar os heróis na estaca zero da sua fama e credibilidade e reproduzir os mesmos momentos da narrativa do filme original. Em equipa que ganha não se mexe e, da mesma maneira, também não se mexe em fórmulas vencedoras.
Mais uma vez a mitologia e motivações do vilão do filme são irrelevantes mas desta vez traduzem-se numa curiosa manifestação: um rio subterrâneo de gosma que se alimenta de sentimentos negativos, do qual os habitantes de Nova Iorque são uma fonte inesgotável. Esta cidade volta a ser, aliás, não só a localização da acção, como uma personagem essencial e parte intrínseca do universo dos caça-fantasmas, sendo que o díptico com o elenco original parece funcionar como uma carta de amor à Grande Maçã.
Adicionando ao elenco um engraçadíssimo Peter MacNicol, em modo devorador de cenários, e, apesar de não ser tão memorável como o filme anterior, Os Caça-Fantasmas II é, ainda assim, bastante divertido, se bem que mais infantil. Isto deveu-se à influência da série de animação baseada no original produzida para televisão, que entretanto se tinha tornado bastante popular. Os maços de cigarros desapareceram nesta sequela, e o protagonismo de Annie Potts e Rick Moranis, no papel de Janine e Tully, foram reforçados, bem como uma intervenção benigna de Slimer, o inesperado aliado dos heróis na série animada.
Ivan Reitman volta a jogar com a percepção do público e revela-se auto-consciente do papel da sequela, introduzindo o meta-pormenor da mudança de símbolo do grupo que, na lógica interna do filme é suposto representar um regresso à mó de cima, mas que na cínica lógica do marketing representa mais merchandising para cativar a pequenada. Esta mudança de logótipo nunca me caiu bem e, até hoje, é algo que me faz revirar os olhos quando aparece em cena.
Quando chegamos ao final Peter, Ray, Egon e Winston dão vida à estátua da liberdade de forma a inspirar os nova-iorquinos a inverter a energia da gosma, transformando-a num símbolo da união e resiliência da cidade perante a adversidade. Este é um conceito um tanto ao quanto sacarino mas ao qual é impossível resistir dada a honestidade da encenação de Reitman e das interpretações do elenco e, quando os créditos rolam, apesar de sabermos que não é tão bom como o primeiro, estamos com um sorriso na cara e podemos afirmar sem vergonhas que sim, gostamos de Os Caça-Fantasmas II.
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