Apesar de toda a indústria cinematográfica (de Hollywood, entenda-se) depender dos temíveis números de box-office não há maneira de prever para onde apontam os interesses do público pagante à partida. O jogo dos números tem muitas variantes e as várias estratégias tentam capitalizar ao máximo o produto. Por isso estarem tão em voga as propriedades intelectuais com marcas reconhecíveis. Uma ideia original não é obrigatoriamente do interesse do grande público e, se no primeiro fim-de-semana não se atingem os números previstos o selo do fracasso é imediatamente impresso.
De uma forma grosseira é necessário contabilizar uma receita de pelo menos duas vezes o valor do orçamento para um filme ser considerado rentável. Isto porque tem de ser tido em linha de conta os custos de marketing e a fatia dos distribuidores. Num extremo estão as super-produções que apostam em lançamentos massivos e globais. Alguns casos recentes de flops desta natureza: Cowboys e Aliens (2011) - Orçamento $163M / Receita $174M; John Carter (2012) - Orçamento $250M / Receita $284M; ou O Mascarilha (2013) - Orçamento $215M / Receita $260M).
Apostas mais arriscadas têm uma estreia limitada nos EUA em cidades seleccionadas e, conforme o desempenho, têm um roll-out para as restantes regiões. Foi esta a estratégia de Steve Jobs. Com uma estreia a 9 de Outubro em 4 cinemas de Nova Iorque e Los Angeles foi expandido a nível nacional duas semanas depois. O resultado desse fim-de-semana foi de $7M. Aplicando a regra, grosseira novamente, de que o fim-de-semana de estreia contabiliza cerca de 1/3 do resultado final prevê-se um resultado de $21M para um orçamento de $30M.
O fascinante disto tudo? O facto de que nada, a não ser a retórica, justificam este fracasso de performance financeira. Nem sequer a qualidade, ou falta dela, do filme. E neste caso estamos perante um óptimo filme que infelizmente não encontrou um público à altura, pelo menos no seu país de produção.
Artigos anteriores: Episódio #5 - Steve Jobs / Pirates of Silicon Valley