Ao longo do mês de Dezembro partilharei os meus filmes favoritos que vi em 2015. Esta lista não terá nenhuma ordem em especial e não pretende ser completa nem definitiva. Não vi, nem de longe nem de perto, todos os filmes do ano.
Esta é uma escolha ex-aequo de dois filmes de uma das minhas descobertas do ano: Isao Takahata, escritor e realizador dos estúdios de animação Ghibli.
O Conto da Princesa Kaguya (かぐや姫の物語), 2013, dir. Isao Takahata
O Conto da Princesa Kaguya é um filme de 2013 que teve breve passagem comercial nos nossos cinemas e foi posteriormente editado em DVD. Com entusiasmadas referências da imprensa estrangeira arrisquei a compra às escuras e fui altamente recompensado. Além de incluir como extra o documentário inédito sobre os estúdios Ghibli com o título internacional de The Kingdom of Dreams and Madness, O Conto da Princesa Kaguya é uma animação tradicional baseada no folclore japonês O Conto do Cortador de Bambu que conta a história dum cortador de bambu que encontra uma menina dentro de um brilhante talo de bambu e acreditando que ela seja uma presença divina, leva-a para casa.
Contar mais estragaria a experiência de ver este belíssimo filme, por vezes surreal, com passagens que são autênticas aguarelas vivas e que, como outras animações deste estúdio, foca temas que questionam a nossa relação com a natureza, com o indizível e os códigos e padrões humanos que manietam as liberdades individuais.
Memórias de Ontem (おもひでぽろぽろ), 1991, dir. Isao Takahata
Por um mero acaso tropecei já na noite de Natal, na RTP 2, em Memórias de Ontem, um filme de 1991 do mesmo realizador. Curiosamente o único título da Ghibli por estrear nos Estados Unidos tem estreia marcada para o ano que se avizinha. Memórias de Ontem é mais uma prova que o melhor filme dos estúdios Ghibli é o próximo filme que vamos ver.
Um drama feminino para adultos não é normalmente tema central de animações mas o olhar de Taeko sobre a sua infância enquanto viaja ao campo para estabelecer o contacto com a natureza e com a vida rural que sente fazer parte de si revela-se uma viagem nostálgica, melancólica e cheia de humor e pequenos momentos verdadeiros e fazem deste mais um título imprescindível para ser descoberto.